segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O cara e uma garota no ponto de ônibus

O cara está esperando pelo seu ônibus num ponto que fica no meio de duas grandes avenidas. Uma garota de longo cabelo preto usando um par de tênis branco Reebok cruza a avenida em direção a parada. Os dois se olham e sorriem. A garota senta no lado direito do cara, os ônibus chegam pelo esquerdo.
Segundos se passam, o cara olha pra garota no seu lado, ela está olhando em direção a ele na espera de seu ônibus. Seus olhares se cruzam. A coragem sobe até a garganta do cara que faz sua boca vomitar a palavra mais brilhante que veio em mente:

- Oi.

A garota sorri sem mostrar os dentes. Ela não fala nada. O cara volta a olhar pra direção contrária verificando se algum ônibus chega. Ele sente aquele calor no peito, o nervo na região da pálpebra esquerda pulsa constantemente até que num ato involuntário ele vira novamente pra garota.

- Desculpa.
- Hum?
- Desculpa. Eu não costumo fazer isso.
- Fazer...?
- Falar com pessoas, dizer oi, essas coisas. Do nada!
- Ah ta. Tudo bem.
- Desculpa de novo. Vou parar aqui.
- Ah, tudo bem.
- É como num filme. Cara estranho, ponto de ônibus... nada a ver.
- Verdade. Bem estranho.
- É. Vou me calar agora.
- Ta tudo bem. Você pega qual ônibus?
- Santa Cruz. Vou pro shopping, de lá pego o metrô.
- E vai pra onde?
- Vou pro trabalho. Eu trabalho numa agência de publicidade lá na Parada Inglesa.
- Ah, legal.
- E você?
- To indo pra casa. Eu pego o São Judas.
- Vai pegar metrô também?
- Não, não. O ônibus passa perto de casa. Você é o que lá na agência?
- Sou webdesigner.
- Hum.
- Coisa de nerd né? Eu sei. Faço Design aqui na Anhembi Morumbi.
- Ah, legal.
- Você trabalha? Estuda?
- Então, eu me formei em Educação Física, acabei de sair do clube Banespa. Faço vôlei.
- Bacana. Vôlei entra como o número dois ou três dos esportes que não sei jogar.
- Você é alto, imaginava que sabia praticar alguma coisa, como basquete...
- Sabia! Ta vendo? Todo mundo fala isso. Eu só quero parecer alto para as pessoas sem acrescentar outras coisas depois disso. Não quero que as pessoas passem por mim e digam "Veja que cara alto. Ele deve ser bom em fazer cestas". Infelizmente elas ficam bem decepcionadas quando falo que sou apenas um cara alto. E mais nada!
- Mas você pratica alguma coisa? Faz algum esporte?
- Já passei dessa fase saudável. Fiz Kung-Fu durante uns quatro anos mas resolvi parar. Cansei, sei lá.
- Hum.
- Acho legal mulher que faz algum esporte. Sempre apoiei meninas que sabem chutar coisas ou que são boas de mira com alguma bola. Eu sei, argumento estranho, calma, mas não consigo colocar em outra forma. A minha namorada... se eu tivesse uma é claro, acho que ela deveria praticar alguma coisa. Ser a saudável da relação, dizer quando o cara deve parar de fazer cagada com o corpo. Meio que criar um balanço, sabe?
- Sei. Eu não me importaria se o cara não fizesse algo. Não levo isso como relevância.
- Isso eu acho legal, desde que não exagere não é? Eu não me considero saudável, como besteira e sou magrelo estranho desse jeito. Mas também não queria ter uma dessas namoradas saudáveis chatas que me acordaria umas cinco da manhã pra correr no parque com ela. Cinco horas da manhã é o horário que to indo pra cama depois de ficar no computador trabalhando ou jogando alguma coisa. Ou quando chego de balada.
- Sei, sei, ta certo. Ah, meu ônibus...
- Opa. Tchau, tchau então. A gente se vê.
- Você pega ônibus sempre aqui?
- Sim, saio da faculdade mais ou menos no horário do almoço e venho pra cá. Por quê?
- Hum. Tem celular?
- Tenho...
- Qual o seu nome?
- Tenho...

A garota ri. Ela tira o celular do bolso e o cara fala o número do seu celular. Ela sobe no ônibus sem ele saber o nome dela. O cara ficará na espera frustrada da garota ligar, e quando ligar saberá exatamente quem é.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Vida Noir

Estou andando por essas ruas faz horas. Não sei dizer se vai chover de novo, só sei que esta noite não poderia ficar pior. Estou apaixonado pela garota errada, aquela do tipo que nunca iria se apaixonar por você. Ela apareceu onde trabalho faz meses querendo saber a razão da vida ser tão injusta e do porquê dos seus ex-namorados a tratarem como uma simples peça de mobília. Eu sei que seria diferente com ela, não consigo tratar uma garota como lixo... principalmente uma garota como ela. Faz um bom tempo que estou tentando lembrar a cor daqueles olhos, mas não consigo pois estava bêbado demais pra memorizar. Que patético!

Eu sinto uma estranha sensação de perseguição, me viro rapidamente sacando minha arma apontando pro... nada. Tudo escuro. Eu sei que não é a bebida que me faz sentir esta sensação, mas é ela que me faz ter culhões pra virar e conferir se estou mesmo sendo seguido. Que idiota paranóico!

Qual era mesmo o nome dela? Começava com M... G... D? Dane-se! É por causa dela que estou segurando essa garrafa de whisky barato, e é por causa dele que não tiro os dedos do gatilho da minha arma que nem sei se está carregada. Eu olho pra conferir. Sim, está carregada. Uma bala que só Deus sabe pra qual cabeça servirá de casa.

Começou a chover de novo. Sorte que estou com o meu chapéu, não queria estragar este corte de cabelo que me custou uma fortuna. A garrafa custou mais barato que esse corte. Engraçado como querem que nos deixem morrer por algo tão barato sendo que pra se manter limpo e bonito você precisa pagar com sua própria alma! Abençoe o álcool e o cigarro por me trazerem a morte na maneira mais econômica.

A chuva está ficando mais densa e o meu casaco não fecha. Maldito casaco sem botões... O que foi isso? Eu ouvi algo atrás de mim de novo. É melhor ficar esperto, essa parte da cidade não é pra piqueniques. Eu ouço passos... passos delicados e rápidos, passos que lembra o som de salto alto batendo em concreto. O barulho da chuva está interferindo no meu raciocínio e meus dedos molhados estão tentando segurar firme a minha arma. O som está mais perto. Eu viro e atiro!

Silêncio. Presto só atenção na chuva e na fumaça saindo do cano do revólver que aponta para a escuridão. Agilizo o passo continuando meu caminho até o escritório. Tiro a chave do bolso deixando cair um papel manchado com batom e um nome escrito. Eu consigo pegar o papel antes da chuva borrar toda a tinta. Sim, estava certo, o nome dela começa com D mas não consigo ler o resto. Agora me lembro o que aconteceu naquela noite de fevereiro. Sim, eu me lembro. Ela entrou no meu escritório completamente séria, independente, naquele momento percebi o quanto ela poderia fazer tudo o que quisesse comigo. Eu era um cachorrinho perto daquela deslumbrante mulher. Cabelo longo, luvas roxas de seda e aquele batom que deixava seus lábios mais carnudos e avermelhados. Era sem dúvida a garota mais linda que já vi em toda a minha vida. Por um momento achei que estivesse sendo controlado pela sua força de mulher independente, mas não durou nem dois minutos pra ela começar a chorar e eu me sentir o ser dominante da sala mais uma vez. Tive que consolá-la, tive que fazer algo e o que foi que eu fiz? Nada. Nada! Simplesmente nada! Fui um imbecil sem coração. Dei um lenço pra enchugar as lágrimas e nada mais. Foi daí que essa garota de rostinho angelical explicou tudo, ela se sentia sozinha fazia um ano e que não encontrava nenhum homem que a tratasse com dignidade. Ela estava com dúvidas do seu namorado, achava que ele estava traindo com uma piranha qualquer. Que pena. Se sentindo sozinha mesmo comprometida, eu realmente senti muita pena dela por isso.

Entro no meu escritório e vejo a mesa da minha ex-secretária que eu costumava espiar enquanto ela batia naquela máquina irritante de escrever. Belas pernas. Ela era uma garota que estava sempre certa a meu respeito. Dizia que eu era um caso perdido, costumava brigar pra eu entrar na "linha" e repetia várias vezes pra parar de beber tanto. Dizia sempre que poderia resolver os casos quarenta e oito horas com antecedência se não fosse pelo álcool. É... talvez ela tinha mesmo razão. Na verdade ela sempre teve razão. Não é a toa que hoje estou sozinho e não ouço notícias dela depois que se mudou pro outro lado da cidade. Devo ter mesmo assustado a pequena, pobrezinha.

Aonde estava? Ah sim, na garota de letra D. Quem era ela? Pra onde ela foi? Lembro quando você veio até essa sala semanas depois com o mesmo batom nos lábios chorando pois sabia da verdade. Sinto que me pagou a toa o serviço, o namorado terminou com ela pra ficar com a amante. Cretino! Como teve a coragem de fazer isso com essa mulher? Como pode haver tantos homens inúteis nesse mundo enquanto que caras como eu bebem e saem na chuva com um revólver na mão? Eu não entendo esse mundo sujo. Essas mulheres precisam de caras bastardos enquanto que os bons precisam de mulheres que gostam dos bastardos pra se manterem na vida. Eu ganho com isso, este é o meu trabalho e eu detesto!

Já faz dois meses que não vejo aqueles olhos brilhantes e aquele rebolado quando saia pela porta. Já faz dois meses que guardo esse papel e agora sei que a culpa não era da chuva por tentar borrar a tinta, mas sim a minha idiotice por não querer saber o nome dela e procurá-la pra dizer que a trataria com um pouco de dignidade. Mas não! Não é isso que elas querem afinal. Não é isso que nenhuma mulher quer, se fosse elas não ficariam com caras que a tratassem feito objeto. Agora percebo que sou o maior lixo de todos esses homens! Estou sozinho no escuro bebendo os últimos goles dessa garrafa com uma arma na mesa. Será que o destino me colocou aqui? Minha vida não poderia ser pior, tenho um grande vazio sem nada pra tampar. Ela me pagou o triplo que os meus outros clientes chegaram a pagar. Hoje eu sou um nada, moro neste buraco imundo e meu café da manhã é uma dose de whisky. Estou falido já faz uma semana e sou motivo de piada até para os ratos que moram no meu guarda-roupa. Sorte que o prefeito não conhece mais a existência deste bairro, um bairro abrigado por mendigos, ladrões, traficantes e prostitutas. Depois que você desapareceu da minha vida este lugar nunca mais foi o mesmo. Seu perfume não ronda mais a minha sala, graças a você eu nunca mais fui o mesmo pois descobri a capacidade que tenho pra me apaixonar por outro ser humano.

Eu jogo o papel amassado na mesa e decido colocar um fim nisso tudo. Pego a arma e encosto na minha cabeça. Aperto o gatilho e tudo que escuto é um miserável "click". Droga! Sem bala. Onde estava com a cabeça? Eu atirei no maldito escuro, no escuro! Gastei uma bala que poderia estar no meu cérebro. Perfeito! Imbecil cabeça dura, pra piorar a garrafa está vazia. Estou sem comida, molhado e ainda sóbrio. Claro que isso depende do que você considera sóbrio.

Talvez o destino seja esse, me manter vivo pra ir até você. É a oportunidade que jamais imaginaria ter. Eu acho que consigo continuar vivendo com isso.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tempos Modernos: uma suja visão

- E foi mais ou menos assim que sua mãe morreu depois que você nasceu.
- Uau papai! Eles desenharam tudo?
- Aqui tem revistinhas pra tudo, pudim. Eles só estão contando uma historinha igual a nossa. Mas é, foi assim que ela morreu. Até que desenharam bem... Veja!
- É desenho de tudo que tem no mundo?
- Ha ha ha ha! Que adorável. O mundo tem muitas coisas que são difíceis de colocar numa revistinha.
- Como quê?
- Bem, pra começar os desenhos precisam mostrar a realidade. Você sabe o quê realidade significa, pudim?
- É aquilo que você faz no sofá com aquelas revistas de fotos nos sábados?
- Quase, pode dizer que sim. Você sabe porquê o papai faz aquilo?
- Ahm... uhm... porque você não tem uma nova mamãe?
- Ha ha ha ha! Sim pudim, isso mesmo. Papai não tem ninguém, e ele aceita a realidade. A realidade é dura. Muito dura!
- E isso que você faz é um ritual?
- Pudim! Aonde você ouviu essa palavra?
- Foi na igreja.
- E você sabe o que ela significa?
- É uma palavra feia? Eu não lembro o quê o padre lá falou.
- Não, não querida. Ritual pode significar muitas coisas, você acha que o papai faria alguma coisa feia?
- Não faria. Papai é bom.
- Garota esperta. Só não conte pro padre que o papai faz isso nos sábados combinado? Mesmo que lembre um ritual.
- Por quê?
- Porque é uma surpresa! Padre Cavalcante não pode ficar sabendo dessa surpresa, pode?
- A surpresa é pra ele?
- Pra ele seria uma surpresa.
- Então tá! Não vou contar.
- Muito bem, agora deixa eu te mostrar aquela historinha do pretinho que queria estudar História mas ele foi esfolado vivo pelos seus colegas brancos de classe. Esfolado, essa é uma palavra feia.
- Esfolado... esfolado. É engraçado!
- Hum, sabe que você tem razão?
- Papai?
- Diga.
- Eu posso fazer isso que você faz no sábado também?
- Só o tempo dirá, pudim, só o tempo dirá. Mas não vamos ficar preocupados com isso tá bom?
- Você vai me ensinar?
- Ha ha ha ha! Engraçado, eu esperava que você fosse dizer isso um dia. Ainda bem que disse! Eu irei te ensinar tudo! Iremos praticar juntos!
- Êeeeeba!
- Mas sem contar pro padre Cavalcante!
- Sem contar pro padre Cavalcante!
- Essa é a minha garota!
- Te amo papai.
- Também te amo pudim, eu também te amo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Tempos Modernos: acontece na sala de controle

- Minha casa, às nove?
- ...
- Quê foi?
- ...
- Não vai me responder? Quê foi?
- Você sabe muito bem.
- Não, não sei.
- ...
- Quê que eu fiz? Fala!
- Mas é tão ingênuo, meu Deus...
- Sua casa?
- Ai! Tchau.
- Ei, não vai embora sem explicar o quê foi!
- Você é muito cara de pau!
- Você gosta de reclamar de tudo né?
- Acostume-se ou me deixa em paz!
- Oh ho ho ho, cuidado que a gatinha arranha.
- Idiota.
- Não entendo esse seu humor. Não sei se é coisa de mulher ou é só você querendo bancar a difícil.
- Ai! Você não entende!
- Ai! Ai! Ai! Quantos "Ais"! Para com isso!
- Me deixa em paz. Cansei de você!
- Muito complicada. Detesto garotas complicadas. Posso entender muito pouco sobre mulheres, mas você é realmente difícil de sacar. Quem quer gente assim?
- Tem quem queira. E eu não quero você.
- Tá se achando né? Você adora fazer isso. Aposto que nem você mesma sabe o quê quer da vida. É uma total perdida!
- Quem você acha que é pra me julgar? Não sabe conquistar uma mulher de verdade!
- Você tá mais pra um rolo compressor de problemas do que pra uma mulher de verdade! Sempre com esses namorinhos medíocres, saltando por aí nos braços de qualquer cara que te dê atenção. Daí, quando se consegue um decente, o que faz? Joga fora!
- E daí? Muitos homens me querem, quando consigo quem eu quero, uso e jogo fora mesmo!
- Não seja tola dizendo isso! Eles só querem aproveitar de você e desse seu corpo! Você pode adorar chutar os mais ingênuos, mas pelo menos no final pensarão que chegaram na terceira base com uma mulher gostosa, e é só disso que eles irão falar! Do seu corpo! Dos seus peitos! Quer ser lembrada só pelo sexo? Eles não vão falar da sua cabeça pequena, só da sua bunda! Parece que é isso que você gosta né? Se acha a poderosa com toda essa beleza, acha que consegue controlar um homem só com ela, acha que fazendo papel de má irá conseguir quem quiser e o quê quiser, mas no fundo só consegue atrair a solidão e noites de lágrimas no travesseiro!
- Pff! Você é um coitado.
- É, sou um coitado. Você conseguiu o que queria! Me apaixonei por você, me apaixonei pela sua maneira de segurar esse fichário com argolinhas pra prender esses papéis cheios de números pequeninos com suas raizes quadradas, cúbicas e fúdicas! Sim, eu me apaixonei pelo seu perfume, pelo cheiro do seu cabelo, por essa sua boca perfeitamente desenhada em seu rosto que deixa os pêlos do meu braço quererem montar uma banda acapella e fazer uma turnê mundial cantando sobre seu sotaque engraçadinho! Sim, sou um coitado, tem toda razão! Agora responda bonequinha de gravata laranja, minha casa ou a sua?
- ...
- Não ouvi.
- Minha.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Tempos Modernos: mulher conhece a pia

- Querida, vem cá. Você sabe o quê é isso?
- Uma espécie de...
- É uma pia. Você sabe pra que serve uma pia?
- Ahm, pra...
- Pra lavar prato. Prato você sabe o que é querida?
- É claro querido.
- Bom, bom. A pia é pra lavar prato. Claro que não só prato, copos também...
- Aquilo?
- É. Garfo...
- Isso aqui?
- É. Facas, colheres e outras coisas que nós utilizamos pra encher nosso estômago com comida e bebida.
- O quê tem de complicado nisso, amor?
- Não tem nada de complicado, mas como a dona Inez teve que viajar pra ver seu filho de uma perna, quem vai passar a lavar a louça será você, então é melhor ver e escutar bem.
- O quê você quiser querido.
- Bem, primeiro você abre a torneira deixando escorrer água em toda a louça suja que você colocar aqui no buraco.
- Só usar água?
- Não, tem o detergente e a esponjinha pra esfregar na louça suja. Primeiro você molha a esponjinha, coloca o detergente nela, dá uma apertadinha e pimba! Bolhas.
- Ha ha ha! Oh querido. Bolhas.
- Fácil?
- Fácil como ligar a televisão!
- É, não toque nela.
- E o que faço depois de passar a esponjinha nos pratos?
- Muito fácil, veja só, você molha os pratos tirando todo o sabão, depois enxuga com o paninho ou deixa secar aqui fora na bandeja.
- Oh querido! Você é tão inteligente!
- Entendeu?
- Sim, sim. Você é um ótimo professor.
- Ha ha ha ha! Aquele diploma de mestrado pendurado no escritório não é um enfeite.
- Ai ai, e você tinha que fazer tudo isso com esse bendito cachimbo na boca?
- O quê... o quê você disse?
- Nada não.
- Repita o que você falou!
- Eu não disse nada meu amor.
- Feche a porta.
- O quê?
- Feche... a... porta!