
Ele olha pro celular, três horas da manhã. Falta pouco para os pássaros chatos começarem a cantar na sua janela. O cara larga o celular na mesinha ao lado da cama e tenta dormir. O celular toca. Número estranho, o cara atende:
- Alô?
É uma garota no outro lado da linha:
- Oi.
- Oi, quem é?
- Sou eu. A garota do ponto de ônibus. Lembra?
- Ah! Oi! Tudo bem? Eu... eu esqueci que tinha passado o número.
- Ah é? Tinha esquecido de mim então? Que bonito hein mocinho.
- Não, não é isso. Você não entendeu, é que faz tanto tempo que passei o meu número. Pensei que nunca ia me ligar.
- Ah, pois é. Liguei. Te acordei?
- Na verdade não. Estava tentando dormir...
- Hummm então incomodei seu sono. Puxa, não acerto uma.
- Não, não. Não é isso. Desculpa.
- Relaxa. Só to brincando. E ai, o que me conta mocinho?
- Que que eu conto? To tentando dormir. Hum, que mais... Você não dorme aliás?
- Durmo sim.
- Você tá na cama?
- Ha ha ha ha. Pergunta estranha. Sim, to.
- Você liga pra mim ás três da manhã e diz que eu sou o estranho? Pelo menos temos algo em comum.
- O quê? Somos dois estranhos?
- Não. Também estamos na cama.
- Ahm tá.
- Por que resolveu me ligar só agora? Era o único horário disponível?
- Isso. E também porque eu adoro ligar pras pessoas de madrugada e acordá-las.
- É, mas sinto desapontá-la, você não me acordou.
- Droga.
- Eu gosto quando ligam pra mim de madrugada. Ainda mais quando é mulher. Quando homem faz esse tipo de coisa elas praticamente detestam.
- Depende do cara.
- É, tá certa. Depende do cara.
- ...
- Que foi? Ficou quieta.
- Nada ora.
- Ei! Agora tenho seu número. Viu o que fez? Agora vou salvar o seu celular.
- Pode salvar. Acharia até chato se você não salvasse.
- Agora quem vai te incomodar na madrugada vai ser eu. Tá vendo?
- Oh que medo.
- Ei, vai fazer algo essa semana?
- To lotada de coisas pra fazer. Não tá vendo que o único horário disponível pra falar contigo é ás quatro da matina?
- É verdade. Espero então um final de semana? Pode ser?
- Veremos. Vou dormir agora. Pelo menos tentar que nem você.
- Legal ter ligado. Estava esperando, pensei que não faria isso.
- Por que pensou isso?
- Sei lá. Pensei que meu celular serviria de chacota. Trotes e tudo mais.
- Você acha que tenho cara de que faz trotes?
- Depende. Você aborda muitos caras no ponto ônibus pedindo seus números de celular pra fazer trotes com suas amigas maléficas do clube?
- Depende do cara. Se ele tem cara de bobão sem dúvida alguma vale a pena tentar fazer isso.
- Putz! Isso indica que não fui o primeiro.
- E nem será o último.
- Vou te denunciar.
- Pra quem?
- Pros... pro departamento-de-caras-que-são-engananos-por-minas-em-ponto-de-onibus.
- Nossa. Devem ser sérios.
- E são. Sem pena para as criminosas.
- Foi uma boa ligação hein? Me chamou de estranha, estraga prazeres de sono, criminosa... que mais?
- Pra primeira ligação já está bão.
- Ha ha. Tá então. Vou dormir. Té mais moço.
- Té mais moça. Ligue mais.
- Tá. Se cuida.
- Opa. Me cuidarei. Beijo.
- Beijo, tchau.
- Oi, quem é?
- Sou eu. A garota do ponto de ônibus. Lembra?
- Ah! Oi! Tudo bem? Eu... eu esqueci que tinha passado o número.
- Ah é? Tinha esquecido de mim então? Que bonito hein mocinho.
- Não, não é isso. Você não entendeu, é que faz tanto tempo que passei o meu número. Pensei que nunca ia me ligar.
- Ah, pois é. Liguei. Te acordei?
- Na verdade não. Estava tentando dormir...
- Hummm então incomodei seu sono. Puxa, não acerto uma.
- Não, não. Não é isso. Desculpa.
- Relaxa. Só to brincando. E ai, o que me conta mocinho?
- Que que eu conto? To tentando dormir. Hum, que mais... Você não dorme aliás?
- Durmo sim.
- Você tá na cama?
- Ha ha ha ha. Pergunta estranha. Sim, to.
- Você liga pra mim ás três da manhã e diz que eu sou o estranho? Pelo menos temos algo em comum.
- O quê? Somos dois estranhos?
- Não. Também estamos na cama.
- Ahm tá.
- Por que resolveu me ligar só agora? Era o único horário disponível?
- Isso. E também porque eu adoro ligar pras pessoas de madrugada e acordá-las.
- É, mas sinto desapontá-la, você não me acordou.
- Droga.
- Eu gosto quando ligam pra mim de madrugada. Ainda mais quando é mulher. Quando homem faz esse tipo de coisa elas praticamente detestam.
- Depende do cara.
- É, tá certa. Depende do cara.
- ...
- Que foi? Ficou quieta.
- Nada ora.
- Ei! Agora tenho seu número. Viu o que fez? Agora vou salvar o seu celular.
- Pode salvar. Acharia até chato se você não salvasse.
- Agora quem vai te incomodar na madrugada vai ser eu. Tá vendo?
- Oh que medo.
- Ei, vai fazer algo essa semana?
- To lotada de coisas pra fazer. Não tá vendo que o único horário disponível pra falar contigo é ás quatro da matina?
- É verdade. Espero então um final de semana? Pode ser?
- Veremos. Vou dormir agora. Pelo menos tentar que nem você.
- Legal ter ligado. Estava esperando, pensei que não faria isso.
- Por que pensou isso?
- Sei lá. Pensei que meu celular serviria de chacota. Trotes e tudo mais.
- Você acha que tenho cara de que faz trotes?
- Depende. Você aborda muitos caras no ponto ônibus pedindo seus números de celular pra fazer trotes com suas amigas maléficas do clube?
- Depende do cara. Se ele tem cara de bobão sem dúvida alguma vale a pena tentar fazer isso.
- Putz! Isso indica que não fui o primeiro.
- E nem será o último.
- Vou te denunciar.
- Pra quem?
- Pros... pro departamento-de-caras-que-são-engananos-por-minas-em-ponto-de-onibus.
- Nossa. Devem ser sérios.
- E são. Sem pena para as criminosas.
- Foi uma boa ligação hein? Me chamou de estranha, estraga prazeres de sono, criminosa... que mais?
- Pra primeira ligação já está bão.
- Ha ha. Tá então. Vou dormir. Té mais moço.
- Té mais moça. Ligue mais.
- Tá. Se cuida.
- Opa. Me cuidarei. Beijo.
- Beijo, tchau.
O cara desliga o celular e salva o número. Ele não sabe o nome dela então guarda na agenda como "Mina do ponto". Ele coloca o celular ao lado da cama e tenta dormir, pelo menos desta vez com um sorriso no rosto.